13 de jun. de 2010

Pegasus

A turbulência de tantos vôos o fez cair ferido, falecido. Sem graça, sem chama, nem soube como chegou ali. De pés no chão e asas quebradas, permaneceu parado e mudo, os braços cansados. Numa mão carregava cacos, na outra, o medo de mover as pernas – É que bateu suas asas demais para que pudesse descansá-las, viveu ao vento por demasiado tempo para que pudesse se lembrar do que era viver com os pés no chão.

Avistou então, um semblante sereno, contraste da sua aflição, se aproximando, lhe intrigando. Tal ser arrancou-lhe das mãos seus pertences: lançou o medo longe, emendou a esfera rubra e guardou-a no bolso, cada movimento carregado de extrema fluidez. Suavemente, consertou-lhe as asas e o fez confundir-se: eram as límpidas provas de que não permaneceria; e mesmo assim… Curou-o. Num misto de descaso e ingenuidade, a figura estende-lhe a mão, convite ao passo à frente. Ardendo de curiosidade, acompanha o tal desse encanto que o regenerou.

P.S: nas suas asas cicatrizadas, sobrou-lhe apenas a ardência dessas mãos.

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