19 de jul. de 2012

Confianzas - Gotan Project


se sienta a la mesa y escribe
"con este poema no tomarás el poder" dice
"con estos versos no harás la Revolución" dice
"ni con miles de versos harás la Revolución" dice
y más: esos versos no han de servirle para
que peones maestros hacheros vivan mejor
coman mejor o él mismo coma viva mejor
ni para enamorar a una le servirán
no ganará plata con ellos
no entrará al cine gratis con ellos
no le darán ropa por ellos
no conseguirá tabaco o vino por ellos
ni papagayos ni bufandas ni barcos
ni toros ni paraguas conseguirá por ellos
si por ellos fuera la lluvia lo mojará
no alcanzará perdón o gracia por ellos
"con este poema no tomarás el poder" dice
"con estos versos no harás la Revolución" dice
"ni con miles de versos harás la Revolución" dice
se sienta a la mesa y escribe

15 de jul. de 2012

Conclusão


Partidas são assustadoras. Talvez porque partir sempre soou como ato de abandono, ou porque sempre fui fendida nesse processo. Contanto, eu também já fui embora e deixei estilhaços para trás, os quais não me orgulho de ter provocado. Ainda me esforço para compreender que a despedida é inerente ao nosso ser. Nada é passível de recomeço sem que se preceda um fim. E o derradeiro muitas vezes vem acompanhado dessas partidas capazes de nos quebrar, tanto a nós quanto aos outros.
Tem partida que é ato premeditado, quando já se sabe o destino destrutivo da relação mas nós insistimos em desconstruir nossos muros e abrir o peito para o desastre iminente. Não há dor maior do que ter plena consciência de que aquilo que você sentiu não teve começo mas já terminou. É como o suspiro precedente de uma declaração que nunca foi dita.
Tem partida que é natural, pacífica. Um acordo entre partes, consentimento mútuo e amoroso. Tão rara de se ver, suponho até que seja extinta. É como uma trégua, um pedido de paz. O último gesto de amor, deixar um ao outro partir.
Tem partida que é deserção. É covardia. O desertor nem avisa, e o desertado é abandonado no ato. O medo, ou o descaso, se torna maior do que o conjunto. É como lutar por alguém que já assumiu derrota.
Tem partida que se tornou espectro. O corpo ficou, mas a alma já foi embora. É a acomodação de um amor já morto (ou talvez, nem nascido). É a falta de coragem de partir, tornando a despedida um fantasma, uma sombra que apavora noite e dia aquele que não renunciou.
Tem partida que é motim, é arruaça. Libertação. Quando já não se há espaço para respirar e o que resta é ir para longe... Tem outra que é pedido desesperado de atenção, súplica de amor.
Tumultuadas ou silenciosas, percebidas ou talvez, nem notadas... Amargas ou doces. Não importa como, serão sempre partidas. O desfecho não muda. O final é o mesmo. Desse jeitinho: acabou.