Hoje a nossa sociedade transita num
impasse um tanto contraditório. Vivemos na época em que o imediatismo e o
comodismo são valorizados e esquecemos que a atitude e a paciência são aspectos
de maior valor. Quando não se conforta apaticamente a espera de oportunidades,
atira-se pra todos os lados numa fútil expectativa de acertar o alvo.
Cultiva-se o péssimo hábito de achar que tudo é possível a qualquer momento,
mas deixa-se de lado o fato de que é necessário escolher e essas escolhas devem
ser feitas com tempo. Os braços humanos são pequenos demais para abraçar o
mundo inteiro, e na tentativa de ter tudo, não é raro acabar com nada.
Não se deve esperar sem cautela e
atenção: nada cai do céu, nem brota da terra, é preciso arar e semear, mas não
esquecendo que para os frutos surgirem é necessário água, e para colher temos
que esperar. Nossa essência é assim também, o mundo é movido pela energia de
cada ser que nele habita. Mas ainda há aquele que não respeita, passa pela vida
vagando sem certeza de nada, sem consciência do que lhe é superior e ao se acomodar
com o que não satisfaz torna-se iludido dentro de uma perspectiva oca.
Em contrapartida, a conclusão imediata
leva ao nascimento de uma esperança dirigida a algo por vezes prematuro ou
inexistente, o que gera sofrimento desnecessário. Ora, se ao abismo nos atirarmos,
temos a chance de planar, porém também há a chance de nos espatifarmos no chão.
Portanto não seria tolice nos jogarmos ao menor sinal de brisa? A paciência
poupa dor e evita enganos. Enxergar o mundo com o coração sereno faz com que
sejamos mais realistas com nossas próprias comoções. É necessário que se faça
as pazes entre razão e emoção para viver em harmonia.
A clareza da sabedoria almejada
por tantos é alcançada por aquele que usa a calma e a perseverança a seu favor.
Apesar do medo e do arrebatamento, procura a salvaguarda em si mesmo, tornando-se
assim o seu próprio porto seguro e mesmo em frente aos enganos cometidos,
mantém a cabeça e o coração abertos ao aprendizado.