7 de ago. de 2010

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Hoje ao te visitar, percebi como o tempo pesa, e senti remorso por ter me afastado. Você é o único companheiro da minha guerra particular, o meu pilar, e vê-lo hoje, com seus olhos azuis límpidos e seu semblante ainda mais sereno deitar no meu colo, antigo e sábio como uma esfinge, senti temor dos dias que castigam lentamente seu corpo. Anos passaram e nossas percepções, voltadas sempre um para o outro, se tornaram mais agudas e pacientes. Compartilhamos da compreensão muda e recíproca que ultrapassa tudo, até o amor. E veja, sentei aqui para tentar lhe explicar o que já sabe de cor: eu não sei lidar com a morte e estou morrendo de medo.

Mural

Estava escrito - na cara, no corpo - estampado por ela toda. Cicatrizes publicadas em sua pele alva, daquelas que vão sendo descobertas na fresta que a blusa revela ao se espreguiçar ou já expostas no pescoço, ela nem se importava mais em ocultá-las, eram seus estigmas particulares. Aprendeu que mostrá-las lhe vinha a calhar, já que afastavam os de alma fraca.