- E se o amor enganar?
- Então sou verídica, porque
ao mostrar o rosto descoberto e oferecer meu corpo e coração despidos de
pudores ao mundo eu recebi em troca a vergonha alheia - ignorante e frívola -
dos que mentem ao sentir. Se amar é calcular palavras e emoções, eu sou a nudez
de uma equação incomputável.
- E se formos uma fantasia?
- Então sou irreal e desmancho-me
aos meus próprios ventos, ilusões construídas para o mundo. Se o ser é mera
imagem do que é genuíno, eu sou o ciclone das verdades em que creio.
- E se formos profetas de nós mesmos?
- Então faço um novo destino
além da convicção derradeira. Torno-me pura, límpida e verdadeira. Eu sou minha
própria profecia de incertezas.
- E se a felicidade doer?
- Então que eu seja
agonicamente feliz.