Partidas
são assustadoras. Talvez porque partir sempre soou como ato de abandono, ou
porque sempre fui fendida nesse processo. Contanto, eu também já fui embora e
deixei estilhaços para trás, os quais não me orgulho de ter provocado. Ainda me
esforço para compreender que a despedida é inerente ao nosso ser. Nada é passível
de recomeço sem que se preceda um fim. E o derradeiro muitas vezes vem
acompanhado dessas partidas capazes de nos quebrar, tanto a nós quanto aos
outros.
Tem
partida que é ato premeditado, quando já se sabe o destino destrutivo da
relação mas nós insistimos em desconstruir nossos muros e abrir o peito para o
desastre iminente. Não há dor maior do que ter plena consciência de que aquilo
que você sentiu não teve começo mas já terminou. É como o suspiro precedente de
uma declaração que nunca foi dita.
Tem
partida que é natural, pacífica. Um acordo entre partes, consentimento mútuo e
amoroso. Tão rara de se ver, suponho até que seja extinta. É como uma trégua,
um pedido de paz. O último gesto de amor, deixar um ao outro partir.
Tem
partida que é deserção. É covardia. O desertor nem avisa, e o desertado é
abandonado no ato. O medo, ou o descaso, se torna maior do que o conjunto. É
como lutar por alguém que já assumiu derrota.
Tem
partida que se tornou espectro. O corpo ficou, mas a alma já foi embora. É a
acomodação de um amor já morto (ou talvez, nem nascido). É a falta de coragem
de partir, tornando a despedida um fantasma, uma sombra que apavora noite e dia
aquele que não renunciou.
Tem
partida que é motim, é arruaça. Libertação. Quando já não se há espaço para
respirar e o que resta é ir para longe... Tem outra que é pedido desesperado de
atenção, súplica de amor.
Tumultuadas
ou silenciosas, percebidas ou talvez, nem notadas... Amargas ou doces. Não
importa como, serão sempre partidas. O desfecho não muda. O final é o mesmo.
Desse jeitinho: acabou.
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