13 de jun. de 2010

Ao Arcanjo

21/09/2009. Um ano.

Sei que passaste tua noite em turbulência, meu amigo… O uivo dos teus ventos inquietos bateram-me a janela, agitaram minhas cortinas. Eu, que já nada ouvia, passei a escutar teus prantos por toda a escuridão do meu quarto – ou será que eram meus? Nós nos confundimos tão facilmente…

E ao amanhecer, tu, exaurido de teu escarcéu repleto de dor, derramas tuas lágrimas de saudade, alagando todos os cantos que me lembravam a ti – toda a cidade molhava. Silenciosa e dolorosamente… Tua tristeza me toca, traz à tona todo o amor que sinto por ti e me encharca, fazendo-me enxergar a tamanha crueldade que é estarmos separados.

Ao ver tuas lágrimas pingarem em mim – no rosto, nos olhos – eu finalmente compreendi que esta falta lhe dói tanto… Dói mais que a todos. Por chorar incontáveis noites, eu, tão tola, acabei por dar-te desespero. E agora que está tudo mais claro… Mais límpido e sereno, tomo a dor que lhe pesa nas asas, tomo-a, faço dela pedacinhos… Mato-a. Para enfim, alçar-te vôo em paz.

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