13 de jun. de 2010

Cores e almas

Eu vou contar uma coisa muito importante: Não tem como ser Eu. Porque o Eu são pontos de vista. Será compreensível? Eu sou no ponto de vista meu. Mas também sou no ponto de vista do caixa do mercado, da moça da padaria, da minha tia e do meu avô. Eu sou incompreensível. O Ser muda de acordo com os olhos que o vêem e isso me deixou confusa. E agora? Acho que só sobra essência, que é cor da aura, imutável, invisível. É segredo sagrado de cada mortal, a cor da sua natureza, pigmento de sua alma pulsante. A tonalidade de um ser é um mistério tão intrínseco que tem seres que não se sabem, esses são volúveis e se perdem na sua própria imensidão, acreditam cegamente no seu Eu. Há ainda os que teorizam sua cor, alguns poucos um dia se descobrirão errados, outros viverão na ilusão do autoconhecimento. Eu não julgo tal pretensão, pois é difícil explicar que cor da alma não se explica: são intensas demais, misturas de tons nunca vistos, arco-íris de uma gradação só. E é por ser algo tão complexo, tão inexplicável que não existe maneira mais bela de se conhecer um mortal do que compreender a sua cor.

(25/01/10)

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